sábado, 14 de abril de 2007

A escrita da alma

Curta, como qualquer prazer em que se distingue o clímax do tântrico, a minha escrita é entrecruzada por espasmos de silêncio e fervores de ausência que não entendo, não explico, nem procuro. Apetecem-me.
Sinto-me bem, sei que gostas de me ouvir dizer isto. Viste-me sorrir de bem com o mundo e gravaste a imagem no teu quadro, interiorizado como a arte de pintar, "yet", tão fácil de sonhar.
Sonha comigo...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

De uma espera

O som, mudo, revolta-se no eco da proximidade virtual, enquanto o chilrear dos pardais soa distante nos beirais deste castelo fantástico, por entre as ameias de esferovite. A clareza do céu contrasta com a nebulosidade da linguagem, que nunca foi clara nem transparente, mas forte e apreciada pela sua característica única, de transmitir o que não se vê. Encanta-me o tom das palavras do locutor da rádio que desligo, a poesia de autor que não leio e a presença das pessoas que desejo, mas não tenho. Que maravilhoso é o mundo de nós, o pensamento que partilho em mim, a suavidade do toque em si e a música de fundo no vazio da solidão. Adoro-te ...

terça-feira, 3 de abril de 2007

Sair do castigo

Como poderei actuar de hoje em diante para aliviar a pena, reduzir o castigo, minorar a dor, ou será que quanto mais fujo mais os dentes rasgarão a pele e dilacerarão a carne? Já não consigo ouvir a voz dos velhos do Restelo, desisto desse pensamento tortuoso em que os cães ladram e caravanas vejo, num deserto de betão poeirento desta aldeia fantasma. Oblitero-me a língua em terrível masoquismo verbal, e calo-me, faço o silêncio dos inocentes, escondo-me, entre dentes, de um sorriso.
Se pudesses ver a luz de onde me encontro, saberias que o Sol quando nasce de um lado, se esconde do outro, mas é natural, como a sede que tenho de ti. Castigo, enquanto o pau vai e vem...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

domingo, 1 de abril de 2007

Um dia após um mês

A inovação depende da vontade que temos de mudar. Criando novos processos atingiremos um estádio superior de conhecimento, dirigido para metas ulteriores, cujos objectivos se sucederão na complacência da vontade de continuar e infinitamente se renovarão uns após os outros, sem que nada se perca, nada se crie, tudo se transforme.
O medo fez-me parar, deixar de tentar, evoluir na letargia do pensamento acamado, doído, preconceituosamente demente, de aproximações titubeantes e fugas concretas à mole existência do quotidiano. Vim de perto e fui para longe, rodopiando no alpendre do meu ser, desconhecido, que se apagava a cada tentativa de encontrar o incontornável, envolvente, intenso mundo da fantasia. Paixão de caloiro enebriado pela efusão do momento, em busca de nada, ansiosamente esperando por tudo, dando-me, oferecendo-me, deixando-me rifar pela esperança de alguém que me tem, pelo espaço que ocupo. Fugi de mim, por telepatia.